Beto Carrero sempre gostou de parques, desde muito pequeno. Dizem que
ele, inclusive, ajudava a descarregar e a montar os parques que apareciam na
região onde morava, apenas em troca de um ingresso, ou vendia caramelos na
porta do parque até que juntasse dinheiro suficiente para comprar uma entrada.
Muito tempo depois, porém, já famoso em função de seu show de caubói e sua
fama de publicitário, Beto Carrero foi à Disney, na companhia de Renato Aragão.
E foi lá que tudo mudou. "Por que o Brasil não pode ter algo, no mínino, igual?"
– dizia ele.
Só que Beto queria mais, muito mais do que um simples parque. Ele
queria construir um “destino turístico” e o parque deveria ser a âncora desse destino.
O parque deveria oferecer diversão para todas as idades, extensas áreas verdes,
shows, animais e brinquedos capazes de provocar muita emoção! Além do mais,
nos Estados Unidos a diversão é muito organizada e pouco espontânea – no Brasil,
o parque haveria de ser diferente!
E foi então que, ao voltar dos Estados Unidos, o
sonho deixou de ser sonho e transformou-se em realidade. E para tanto, foi escolhido
o local – Penha (SC), para muitos, a Flórida brasileira.
A opção pelo pequeno
município de Penha, em Santa Catarina, foi uma das decisões mais importantes
de Beto Carrero. Ele começou a comprar as terras sem revelar seus objetivos,
temendo que a notícia de um futuro parque naquela área inflacionasse os preços
da região.
Naquela época, Penha, antiga colônia de pesca de baleia, tinha somente
oito mil habitantes e a economia do município não ia nada bem. Muita gente foi
contra a escolha de Penha. O empresário Silvio Santos havia até mesmo encomendado
uma pesquisa sobre onde instalar um parque temático e a conclusão fora o município
de Valinhos, localizado entre o Rio de Janeiro e São Paulo, região de maior
adensamento demográfico e que poderia gerar um bom fluxo de visitantes.
Beto
Carrero, porém, era contra a idéia. Para ele, o parque, ou melhor, o “destino turístico”
deveria ser construído em outro local, e este local era Penha, cujo clima é bastante
agradável e sua população descende de açorianos, povo bastante acolhedor, receptivo
e ideal para trabalhar na prestação de serviços.
E Penha era muito mais do que isso.
Geograficamente, o lugar era perfeito. O município está localizado a 8 km do aeroporto
de Navegantes, além de estar muito próximo de Blumenau, Joinville, Balneário
Camboriú e Itajaí, importantes cidades catarinenses. Além do mais, Penha está
praticamente no meio do caminho entre Curitiba e Florianópolis.
Beto Carrero enxergou
de longe o potencial daquela região, que não possuía opções de lazer e cuja população
dispunha de poder aquisitivo superior ao restante do país. Porém, para tornar-se
“destino turístico” era necessário promover o desenvolvimento de todo o local.
O litoral
catarinense já atraía argentinos, uruguaios, paulistas e gaúchos, mas esse fluxo se
resumia a pouco mais de dois meses. Não havia resorts e outras estruturas de lazer –
a única opção de diversão, era a praia. Para promover a região, Beto Carrero fez
parceria com a Santur, órgão oficial de turismo do Estado, e com a prefeitura de diversas
cidades. Ele ajudou a valorizar a Oktoberfest, divulgou a peregrinação religiosa de Santa
Paulina, em Nova Trento, além de promover e apostar no sucesso de Balneário Camboriú.
Depois de tudo isso, Beto investiu naquilo que ele também sabia fazer, e muito bem:
marketing. “Primeiro fiz o marketing, depois o parque”, disse Beto Carrero. E quem
acompanhou tudo desde o início sabe que, durante muito tempo, o marketing era
desproporcional ao parque, que no começo só contava com uma roda gigante e o
show do Beto Carrero.